terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ainda bem que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas!


Essa semana, pensando no acontecido da igreja renascer, comecei a ver os telejornais com o mais profundo desespero. Nunca se viu tanta tristeza dos âncoras do jornalismo, não havia palavras ou clima para descrever a tragédia, não havia consolo em afirmar o acontecido e quase não conseguiam terminar a noticia sem a lágrima do desamparo.

Um deles disse: Senhores, é com muito pesar que informo que foi encontrada a décima vitima fatal dessa tragédia; Deus. Isso mesmo, após a retirada do resto dos escombros Deus foi encontrado sem vida, os bombeiros tentaram reanimá-lo, mas não obtiveram êxito, Deus esta morto; e quem o matou fomos nós!
Logo não acreditei, pensei: o louco do Nietzsche estava certo ao escrever seu aforismo sobre a morte de Deus:

“Vós não ouvistes falar daquele homem desvairado que em plena manhã luminosa acendeu um candeeiro, correu até a praça e gritou ininterruptamente: “Estou procurando por Deus! Estou procurando por Deus! – à medida que lá se encontravam muitos dos que não acreditavam em Deus, ele provocou uma grande gargalhada. Será que ele se perdeu? – dizia um. Ou será que ele está se escondendo? Será que ele tem medo de nós? Ele foi de navio passear? – assim eles gritavam e riam em confusão. O homem desvairado saltou para o meio deles e atravessou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus? Ele falou, gostaria de vos dizer! Nós o matamos – vós e eu! Nós todos somos os seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos esvaziar o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? O que fizemos ao arrebentarmos as correntes que prendiam esta terra ao seu sol? Para onde ela se move agora? Para onde nos movemos? Afastados de todo sol? Não caímos continuamente? E para trás, para os lados, para frente, para todos os lados? Há ainda um alto e um baixo? Não erramos como que através de um nada infinito? Não nos envolve o sopro do espaço vazio? Não está mais frio? Não advém sempre novamente a noite e mais noite? Não precisamos acender os candeeiros pela manhã? Ainda não escutamos nada do barulho dos coveiros que estão enterrando Deus? Ainda não sentimos o cheiro da putrefação de Deus? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus permanece morto! E nós o matamos! Como nos consolamos, os assassinos dentre todos os assassinos? O mais sagrado e poderoso que o mundo até aqui possuía sangrou sob nossas facas – quem é capaz de limpar este sangue de nós? Com que água poderíamos nos purificar? Que festejos de expiação, que jogos sagrados não precisaremos inventar? A grandeza deste ato não é grande demais para nós? Nós mesmos não precisamos nos tornar deuses para que venhamos a aparecer como apenas dignos deste ato? Nunca houve um ato mais grandioso – e quem quer que nasça depois de nós pertence por causa deste ato a uma história mais elevado do que toda história até aqui” O homem desvairado silenciou neste momento e olhou novamente para os seus ouvintes: também eles se encontravam em silêncio e olhavam com estranhamento para ele. “Eu venho cedo demais”, disse então, “não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longíngua constelação – e no entanto eles o cometeram!”

Claro que isso tudo foi uma imaginação fértil e muito triste (triste em respeito às nove vítimas fatais que se foram nessa tragédia). Infelizmente o que fazemos hoje em nossas igrejas, é prender Deus dentro de nossos templos e falar: fique aí!(como se aquela arquitetura falida fosse realmente sua casa) ou como Nietzsche falaria: como poderíamos prender todas as águas do mar?. Nossos templos são luxuosos com aparelhagem de som e ar condicionado que matam e que sujam o altar do Senhor de sangue!

Até quando teremos que ir para dentro das quatro paredes para buscar Deus em um culto de duas horas, quando na verdade vivemos todo o resto da semana sem o desejo de encontrá-lo?
Talvez conseguíssemos encontrá-lo como mais facilidade se alimentássemos o faminto, cuidasse mais dos nossos pais e mães, olhasse para o nosso irmão que necessita de um abraço, conversássemos com aquele andarilho e escutássemos sua história!

Talvez o que falte é “LIBERTAÇÃO NAS PEQUENAS COISAS...”


“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá a vida, respiração e tudo mais.” (Atos 17:24,25)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Eu tenho um sonho.



Digamos que o mundo está mais feliz, mais confiante e mais esperançoso com o novo presidente da maior potencia mundial; Barack Obama. Vejo as pessoas nas reportagens mais sorridentes, empolgadas e dizendo que é o começo de uma nova era; o começo de um mundo novo.

Assim como a tristeza, a felicidade é contagiante, acompanhei até quando pude a apuração dos votos e quando soube do resultado final pensei logo em uma única pessoa; Martin Luther King Jr. Sorri, e imaginei como ele estaria feliz se pudesse ver a revolução que desencadeou essa conquista para o negro no mundo inteiro.

Martin Luther King Jr. acabou com uma das repressões mais violentas da história da humanidade com a decisão da não violência. Não revidava as agressões. Não revidava os insultos. Não revidava a violência. Para Luther King a frase que Jesus usou quando foi preso “...todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” era mais que vivenciada em seus atos.

A repressão era tão rigorosa na década de 60 que os negros eram obrigados a ceder seu lugar no ônibus para os brancos, os brancos espancavam os negros por irem aos estádios assistirem jogos. Hoje após quase 50 anos da perseguição ferrenha, a nação que não reconhecia o voto de um negro, elege um presidente negro, um homem com o cargo mais importante do mundo.

É impressionante o que um homem pode fazer quando está determinado. É comovente o que um homem pode fazer quando sonha de olhos abertos como Marin Luther King o fez.

“A vontade de realizar os sonhos é o que torna a vida interessante.”

domingo, 18 de janeiro de 2009

Heroísmo ou Milagre?


Na última quinta-feira 15 de janeiro de 2009, um avião da empresa US Airways com 155 passageiros realizou um pouso de emergência no Rio Hudson na cidade de Nova York. Há relatos que após a decolagem alguns pássaros foram sugados por uma das turbinas causando uma pequena explosão, suficiente para afetar todo o desempenho da aeronave.

Esse acontecimento teve um final no mínimo diferente do que estamos acostumados a presenciar. Todos os 155 passageiros saíram ilesos da aeronave e as poucas pessoas que foram encaminhadas ao hospital foram devido ao risco de hipotermia, pois à água do rio estava muito gelada devido ao forte inverno na cidade de Nova York.

Muito se fala em dois fatores que contribuíram para o desfecho dessa tragédia “não fatal”. Primeiro, o heroísmo de um piloto extremamente competente com mais de 40 anos de profissão e no currículo empregos como o de piloto da força aérea americana. Segundo, sobre um milagre de Deus, um Deus que de acordo com a Bíblia tem aproximadamente 6 mil anos de experiência com a humanidade, sua criação.

Pesando aqui no Milagre, o que aconteceu com Deus que não interveio em meio às tragédias das aeronaves das empresas GOL e TAM? O que aconteceu nos céus que essa tragédia não foi evitada pelas poderosas mãos de Deus? Por que se perdem tantas vidas hoje em meio às tragédias urbanas?

Não tenho a resposta para essas perguntas ainda, mas quando se estuda teologia se aprende uma teoria sobre vontade permissiva e autoritária de Deus. Também não sei se essas tragédias foram vontade permissiva (aquela que Deus permiti que aconteça) ou a autoritária (aquela que Deus faz com que aconteça). Mas tenho certeza que depois de algumas semanas o mundo esquecerá esse acontecimento e esse fato será somente uma página virada na história desse mundo. (Os dias realmente são maus).

Até quando a vida das pessoas serão esquecidas em tão pouco tempo?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

igreja ou Igreja?


Sei que muitas pessoas têm abandonado as quatro paredes de uma instituição que ultimamente tem crescido de forma espantosa tanto em número quanto em bens, a igreja. Sei também que essas pessoas não viraram as costas de forma rebelde, mas foi uma forma de se proteger dos lobos, pois assim como eu começaram a enxergar verdades e conseguiram entender que a instituição começou andar por caminhos tortuosos e duvidosos.


Em meio a minha busca pelo Eterno, me deparo com situações que me fazem ter certeza que a instituição tem crescido realmente só em números, essa certeza se baseia quando vejo pessoas cristãs comemorando o inicio do BBB ou quando entram em uma discussão para tentarem entender quem é o vilão e quem é o mocinho da novela. Quando presencio isso ou coisa semelhante sinto-me perdido e sem chão, sinto-me patético, sinto-me transtornado, sinto o evangelho barato pregado em nossos dias, sinto náuseas e o pior de tudo sinto vergonha.


Entendo que há pessoas realmente comprometidas nessa caminhada pelo Altíssimo e que estão em algum lugar orando a Deus, pois sabem que os dias são maus. Sei que esse número de pessoas vem crescendo. Entendo também que o avivamento que tanto falamos em nossas igrejas esta acontecendo justamente fora dela, pessoas que ao saírem dos cultos vazias e sedentas vão para suas casas orar buscando a presença de Deus ao invés de ir para as pizzarias e churrascarias se fartarem.


Oro para que esse avivamento nos lares aconteça de foram a gerar uma nova reforma em nossos corações, que novamente a verdade seja pregada sem medo e que as indulgências e penitencias sejam desmascaradas. Que as pessoas se sintam livres ao invés de se sentirem prisioneiras...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Prósperos... Miseráveis


Penso que os “apóstolos” de hoje enlouqueceram, já não há mais temor em subir nos púlpitos. Penso que as cifras os corromperam e que é mais lucrativo ter uma igreja aprisionada nas promessas que ninguém além deles promete, a ver uma igreja sendo avivada pela verdade.

Penso também que a sociedade não tem nenhuma culpa de ser coadjuvante nesse mercado milionário de fiéis, afinal, estão sedentos por soluções e fariam (eu tenho certeza) qualquer coisa para terem seus problemas resolvidos.

Penso que existem outras pessoas que sente a mesma ânsia de vomito quando assiste a esses “tele evangelistas” orando durante trinta segundos e posteriormente com mais de quarenta minutos de merchandise solicitando sempre um parceiro ministerial. Penso que estes “tele evangelistas” deveriam ir além das quatro paredes da sua igreja ou sair um pouco do foco da câmera, penso que poderiam ir a um hospital lotado de pessoas morrendo nas filas para esvaziá-lo, poderia assim curar câncer em fase terminal, pedreiros que caíram de construções, grávidas com risco em sua gravidez, acidentados da violência do transito e epidemias como a da DENGUE.

Penso que toda essa prosperidade prometida em demasia tem por finalidade o enriquecimento de quem as prega e a mente cativa da mãe desesperada que procura uma solução para o filho sair das drogas, o pai de família que vai com o resto de esperança procurar ajuda para alimentar sua família ou o viciado que por um lapso de força procura ajuda para se libertar do vicio.

Penso que toda essa gente da prosperidade ouvirá no fim de tudo uma só frase “apartai-vos de mim porque eu não vos conheço...”. Chegará um dia em que toda essa riqueza prometida em demasia ficará aqui na terra para a traça corroer. Um dia Ele virá como um relâmpago que sai do oriente e se mostra no ocidente e enxugará todas as lágrimas dessa sociedade que em meio ao desespero é iludida por esses “prósperos miseráveis.”

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O que os olhos não vêem o coração não sente.


Hoje estamos horrorizados com os bombardeiros na faixa de GAZA, nosso sentimento é de no mínimo tristeza e pesar. Vidas estão sendo perdidas, prédios estão sendo pulverizados, famílias estão sofrendo a dor da perda irreparável (desse sofrimento só entende quem já passou por ele).
Hoje ainda sofro com as lembranças das enchentes que destruíram milhares de vidas em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, lembro constantemente das entrevistas com mães e pais desesperados, viram suas vidas junto com suas casas serem levadas pelas águas, lembro do rosto das crianças chorando, lembro das pessoas descrevendo com foi gelado permanecer nas águas enquanto via a destruição.
Lamentavelmente esse sofrimento permaneça em nós, miseráveis expectadores (por não ajudar em nada) pouco tempo, ou até as imagens pararem de ser exibidas. Então nosso coração irá se tranqüilizar e iremos mais uma vez dormir o sono dos justos.
O ativismo do dia a dia nos tira logo do sofrimento, nos leva para a dimensão do capitalismo e isso cala nossa alma. “O sofrimento só provoca ação se realmente nos faz sofrer”, nós não vamos a um dentista se o nosso dente doeu há uns três meses atrás quando tomamos aquela água gelada, nós vamos ao dentista quando essa dor nos tira o sono, nos faz perder a vontade de comer, quando queremos sorrir e não conseguimos.
Hoje somos como leprosos implorando por um pouco de dor.